Sala De Espera

12 de setembro de 1994

Hayim,
Não me arrependo de nada! Quem é que eu quero enganar? Estavas lá e sabes que me arrependo de quase tudo por tudo recordar e saber que poderia ter feito melhor e mesmo assim se calhar arrepender-me-ia por saber que poderia ter feito melhor ainda. Por isso despeço-me de ti com paixão e sem saudade prévia.
Ironicamente o momento da realização do teu objetivo proporciona-me estreias inesperadas: estou rodeado por aquilo que é tão frágil aje o mero sussurrar do seu nome o destrói a desejar ouvir aquela música irritante vindar do andar de cima que por ti era-me trazida; também não me  importo de estar sozinho. É reconfortante saber que todas as lágrimas e tristezas estão unicamente dependentes de mim.
Espero que não tentes inscrever-te em mim de novo. Esta vez, que espero que tenha sido a única, foi-me suficiente. Este cansaço de mim mesmo chega-te como justificação, espero.
Fica onde estás que aceno-te daqui,
Sheol

(23 de novembro de 2017)

Um Poema Sem Recursos Estilísticos

Quero sentar-me ao teu lado
E falar-te sem medo,
Contar-te o meu dia
Enquanto o mar rebenta à nossa frente.
Deitar-me sonolentamente
E, quando o sol se puser,
Adormecer com tua mão pousada na minha cabeça,
Num sinal de que ainda ali estás
E de que não te vais embora.

(10 de novembro de 2017)

Na clave de fá

És o lá na minha partitura
Porque a corda lá do meu primeiro violoncelo
Estava assinalada a verde
E disseram-me que verde simboliza a esperança 
E esperança foi a primeira coisa que me trouxeste
Quando me fizeste rir numa tarde primaveril

(6 de novembro de 2017)

Rotina Noturna

Dorme, rapariga, pois estás cansada. A máscara que usas durante o dia é recarregada pela tristeza noturna que sentes quando estás sozinha. ...