Estava sentada numa clareira com um homenzinho verde.
Alienígena à minha vida, todo ele era verde,
Desde a sua aura às suas sapatilhas.
A clareira onde estávamos era verde, também.
A relva húmida onde nos sentávamos, verde.
As folhas das árvores acima das nossas cabeças delirantes, verdes.
Os arbustos que nos rodeavam, verdes.
Até a luz sonolenta do sol se tornava verde quando filtrada pelas folhas verdes das árvores.
As nossas conversas eram feitas de frases e promessas verdes.
Os meus sonhos esverdearam, fundindo-se com a tela verde atrás deles.
Só eu não era verde naquela clareira.
Era uma alma com uma fronteira entre as cores primárias,
Os amantes azul e amarelo impedidos de se ligarem.
Olhava o meu companheiro verde no nosso espaço verde.
Tanto verde à nossa volta e eu não fazia parte dele.
Tanto verde à nossa volta e eu não precisava de fazer parte dele.
Tanto verde à nossa volta e o único verde que precisava era o daquele ser.
(8 de setembro de 2017)
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