Charlie

Corremos. Os foguetes rebentavam demasiado próximo e corremos. Antes disso já estavamos ofegantes porque riamos. De quê? Não sei... alegria e histeria bebeda sem álcool.
A areia estava molhada e sentamo-nos e deitamo-nos enquanto o céu ficava turvo, não de nuvens mas de fumo, e se coloria de branco, amarelo, verde, azul e vermelho.
Suponho que houvessem estrondos que não ouviamos. A nossa música estava alta mas só nós é que a escutávamos individualmente.
O ano passado explodia espatacularmente acima das nossas cabeças, em frente aos nossos olhos, e as suas cinzas e pequenos papeis incandescentes choviam para os nossos rostos extasiados e para a areia molhada.

Na realidade o ano passado estava intacto tal como os nossos eus independentemente de todas as promessas e resoluções que pudessemos dizer. Mas aquele espetáculo de luz e som criado parcialmente por técnicos e parcialmente por nós era o que precisávamos momentaneamente para acreditar que podiamos ser felizes algures no futuro porque o tempo não pára e não nos deixa parar.
Enrosquei-me, respirei aquele ar queimado "e naquele momento, juro que éramos infinitos."

(3 de janeiro de 2017)

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